Mãe e esposa em tempos de super mulheres



            Nome? Amanda

            Idade? 28 anos

            Profissão? .... [Error].

          Qual mulher nunca se viu constrangida ao perguntarem a profissão, quando sente que não tem o que responder?! 

        Em tempos de super mulheres, que são mães, esposas, donas de casa e profissionais, muitas se sentem constrangidas por teoricamente não estarem produzindo nada. Isso porque, no mundo de hoje, extremamente materialista, nós somos medidos não pelo que somos, mas pelo que produzimos e pelo que aparentamos ser.

            Contando um pouquinho da minha experiência pessoal pra você:

            Eu sempre ouvi, desde novinha, que  era muito inteligente, que iria muito longe e essas coisas que as pessoas dizem para nos incentivar a crescer no sentido profissional, então eu sempre tive muitas expectativas a respeito de mim mesma. Acho que todas nós temos hoje em dia, porque não vivemos mais naquela cultura onde a mulher deve ser apenas mãe, esposa, dona de casa. As mulheres hoje podem fazer tudo o que elas quiserem e eu fui criada neste contexto, de sonhar grande, querer ir longe, tanto no aspecto profissional quanto acadêmico.

            Aos 19 anos, eu me tornei comissária de vôo, o que me abriu portas pra muitas conquistas. Aos 20 anos, eu estava indo para a Europa pela segunda vez, com meu próprio dinheiro, então pensei: “se com 20 já fui duas vezes, aos 30 eu terei dado a volta ao mundo”.

            Só que as coisas não aconteceram muito conforme eu planejava. Decidi focar no sonho de ter uma família e, aos 24 anos, me casei. Foi a melhor decisão da minha vida, mas que exigiu algumas renúncias. Eu estava indo pro oitavo período de faculdade e, na mesma época que casei, meu marido passou em um concurso pra uma cidade do interior e eu decidi, depois de certa relutância, acompanhá-lo (o que é assunto pra outro texto).

            Eu me vi diante de uma realidade completamente diferente da que eu projetava. Atrasei a faculdade, continuei estagiária e não conquistei o que eu imaginava que conquistaria profissionalmente na minha idade. No último período da faculdade, eu engravidei, o que de certa forma foi planejado (eu só não imaginava que engravidaria tão rápido) e, aos 26 anos, eu me tornei mãe e advogada.

            Como eu morava longe da minha família, não tive opção: eu teria que focar em ser mãe. E aí, na idade que eu achei que estaria chegando a um determinado patamar profissional, me vi no papel inesperado de ser somente mãe, esposa e dona-de-casa. E é claro que, dentro de todas as projeções que eu fiz pra minha vida, achando que era possível abraçar o mundo, sem abrir mão de nada, tive muitas frustrações.

            Eu amo ser mãe, estava muito realizada nessa tarefa, mas sempre parecia que estava faltando alguma coisa, que o que eu estava fazendo era pouco.

            Conversando com outras amigas, eu percebi que aquele fenômeno não era exclusividade minha. Muitas amigas, que também possuíam grande potencial acadêmico e profissional, se encontravam na mesma posição que eu, de cuidar exclusivamente dos filhos. Algumas até começaram a trabalhar em casa, o que foi o meu caso também, mas o foco continuou sendo a maternidade.

            Isso começou a me fazer pensar se não havia um plano do Senhor nisso: que mulheres com grande potencial para fazer o que o mundo espera delas, ficassem em casa, cumprindo uma missão mais árdua, sem tanto reconhecimento, mas com muitos resultados a longo prazo.

            Pensar nisso foi me trazendo paz, porque eu me dei conta de duas coisas: primeiro, eu estou onde o Senhor deseja que eu esteja. Nossa vida não é um incidente e nós temos um Deus que nos chama de filhas. Se Ele está trazendo ao meu coração e ao seu coração para que fiquemos em casa, Ele certamente tem um propósito eterno.

            Segundo, minha família é a maior conquista que eu poderia ter. Nenhuma conquista que eu tive, nenhuma viagem que eu fiz, qualquer conquista profissional ou acadêmica que eu poderia alcançar se comparam ao tesouro que é minha família. Eu não trocaria o que eu tenho hoje, com todo o desgaste, com toda a loucura que é, por qualquer cargo, dinheiro ou emprego do mundo.

           Eu não sei se o que estou vivendo é temporário, nem sei quanto tempo eu ainda viverei essa fase, mas eu tenho certeza que estou ganhando muito mais do que perdendo.

         É claro que às vezes bate o conflito. Costumo brincar que eu sou aquela mãe que envia milhares de currículos torcendo pra ninguém a chamar. Mas quando eu olho pra minha filha, tenho certeza que estou onde Deus quer que eu esteja e nada nesse mundo vai me satisfazer mais do que isso.

            Se hoje você também está nesse conflito, eu quero te dizer: você não precisa produzir algo extraordinário aos olhos do mundo pra ser uma super mulher. O que você está fazendo, cuidando dos seus filhos, cuidando de sua casa, é extremamente extraordinário. No mundo de hoje, eu diria até que é um ato revolucionário. Não cai nessa fala de que você podia ser muito mais. Se for pra ser mais, que seja mais santa, mais crente, mais próxima de Deus e Ele conduzirá sua vida, não as expectativas dos outros sobre você.

            E pras mamães que não podem ficar em casa, eu quero dizer que este texto não é pra fazer você se sentir mal. Vocês são fortes ao extremo, cumprem sua missão da mesma forma, no lugar onde Deus as plantou. Não é uma mãe pior nem menor por isso. Eu tenho certeza que o Senhor te dará a estratégia certa pra continuar criando seus filhos com excelência.

            Que a gente aprenda a se deleitar aonde Deus nos plantou.

            Um abraço fraterno e, se você tem uma amiga que precisa ouvir isso, mande esse texto pra ela, lembrando que ela é uma super mulher!



            No amor de Cristo,

           Amanda. 

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